sábado, 15 de maio de 2010

ALBERTO CAEIRO




in , " O Guardador de Rebanhos "

" O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia ,


Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia


Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia .


O Tejo tem grandes navios


E navega nele ainda ,


Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está ,


A memória das naus .


O Tejo desce de Espanha


E o Tejo entra no mar em Portugal .


Toda gente sabe isso .


Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia


E para onde ele vai


E donde ele vem .


E , por isso porque pertence a menos gente ,


É mais livre e maior o rio da minha aldeia .


Pelo Tejo vai-se para o Mundo .


Para além do Tejo há a América


E a fortuna daqueles que a encontram .


Ninguém nunca pensou no que há para além


Do rio da minha aldeia .


O rio da minha aldeia não faz pensar em nada .


Quem está ao pé dele está só ao pé dele ."

Nenhum comentário:

Postar um comentário