terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Pavão



" Eu considerei a glória de um pavão ostentando

o esplendor de suas cores ; é um luxo imperial .

Mas andei lendo livros , e descobri que aquelas

cores todas não existem na pena do pavão .

Não há pigmentos .


O que há são minúsculas bolhas d 'água

em que a luz se fragmenta , como um prisma .

O pavão é um arco-íris de plumas .



Eu considerei que este é o luxo do grande artista ,

atingir o máximo de matizes com o mínimo de

elementos . De água e luz ele faz seu esplendor ;

seu grande mistério é a simplicidade .

Considerei , por fim , que assim é o amor , oh!

minha amada ; de tudo que ele suscita e esplende

e estremece e delira em mim existem apenas meus

olhos recebendo a luz de seu olhar .

Ele me cobre de glórias e me faz magnífico ."


Rubem Braga , in " Ai de ti , Copacabana "

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