sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Como uma libélula negra



" Era uma mulher

que apagava os espelhos .

Bastava ela chegar

e a lâmina de prata

ensombrecia

punha-se escura e verde

como um lago .

Ela se debruçava

indiferente

assoprava de leve .

Nada se percebia na superfície

nem encrespar

nem onda .

Mas no fundo do fundo

além do olhar

onde as folhas secretas apodrecem

na densa lama

a vida se mexia .


Marina Colasanti


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