domingo, 29 de janeiro de 2012

DIZ-ME O TEU NOME



" Diz-me o teu nome - agora que perdi

quase tudo , um nome pode ser o princípio

de alguma coisa . Escreve-o na minha mão


com os teus dedos - como as poeiras se

escrevem , irriquietas , nos caminhos e os

lobos mancham o lençol de neve com os

sinais de sua fome . Sopra-mo ao ouvido ,


como a levares as palavras de um livro para

dentro de outro - assim conquista o vento

o tímpano das grutas e entra o bafo do verão

na casa fria . E , antes de partires , pousa-o


nos meus lábios devagar : é um poema

açucarado que se derrete na boca e arde

como a primeira menta da infância .


Ninguém esquece um corpo que teve

nos braços um segundo - um nome sim ."



Maria do Rosário Pedreira

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