sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

RAINER MARIA RILKE

Y . JULÏZ

( ...)

"Não  é  frequente  que algo muito grande se condense 
tanto   que uma mão  , uma impotente mão , possa segurar
por inteiro . Tal como quando alguém  encontra um pequeno
pássaro  sedento . Você o retira da beira da morte , e o 
coraçãozinho  pulsa cada vez mais na mão quente ,
trêmula , como as ondas mais externas de um mar gigante 
cuja praia é você . E , com esse  animalzinho que se 
restabelece  , você subitamente  percebe que a vida se 
restabelece da morte . E você  o  ergue .
 Gerações de pássaros e todas as florestas  sobre as quais
eles passam , e todos os céus aos quais subirão .
E  isso tudo é fácil assim ?
Não : você é muito forte em carregar  o que há de 
mais pesado em tal hora ."

in , " Cartas do poeta sobre a vida : a sabedoria de Rilke "

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sábado, 7 de fevereiro de 2015

FEVEREIRO ...


( ....)

" Fevereiro  desfila
gosta de ser fevereiro.

Ele   se  adora .

E porque  se adora ,
fevereiro samba  e ri 
e se cobre todo de miçangas .

Há  borboletas  que não vejo 
no jardim de rosas que não tenho .

Mas  fevereiro cria
as rosas e o jardim
e as borboletas .

(...)

Fevereiro  é  ligeiro,
um  voo de pássaro  encantado ,
um relâmpago no céu inesperado 
( o relâmpago e o céu ),
o céu de fevereiro,
a luz  fugaz de um fósforo aceso .

A  alegria  que levas de reserva
colheste-a  por certo em fevereiro ,
para queimá-la  talvez  a vida inteira ."


Daniel Lima ,
 no poema Zodíaco  

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